quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

Poema 9 - Bipolaridade

Parte I

Você diz que sou pedante
E digo que sei costurar
Que sou boa em português
Que sou uma boa mãe
Que aprendi um pouco de medicina
Que sou uma mãe especial
Por ser mãe de quatro filhos especiais
Se você dissesse que inventei o avião
E não Santos Dumont
Que criei a lâmpada
Que sou presidente e estou substituindo o Michel Temer
Que não foi Einstein que criou coisas fantásticas e sim eu
Que descobri a vacina da gripe
Que descobri a penicilina
Que inventei a prótese para membros superiores e inferiores
Que criei o torpedo com vasilhame
O que é ser bipolar?
É uma mania de grandeza...
Então sou grande, pois tenho 170 metros
Eu fuzilei o Hitler
Enforquei o Sadan Hussein
Como piloto ataquei as torres gêmeas
Por que o bipolar tem que ser tachado de tudo isso?
Ele não tem mais direito de opinião...
Tudo é tão simples
O meu acusador é você
Qual tua opinião sobre a loucura?
Todos somos viventes e outros sobreviventes...
Por que não posso falar o que penso e sinto
De vez em quando quero chutar o armário...
Mas não posso
Seu olhado (?) é exigido
Mente e corpo sã

Parte II

Bipolaridade
É sonhar com sentimentos bons num mundo mal?
Existe corações de pedra?
Existem trilhas virgens que ainda não trilhei
Qual o sentido da vida?
Se remam com dois remos
Por que remei com só um?
O que é ser bipolar?
É duplicidade de medo?
É viver com a corda no pescoço
Nunca fui amada...
Não entendo de tecnologia
Mas entendo do ser vivente
Cada criatura que vive tem um superado a vida
Aquele que não crê se entrega...
Ser bipolar e ver o bem e o mal
Acho que vou chorar
Tenho o direito ou ser tachada de depressiva...
Porém venço limites
A minha bipolaridade é ter um corpo e um espirito
Espirito que sempre acreditou nas coisas simples da vida
O corpo sente necessidades da carne e o espirito nobre vive

Ângela M. A. dos Santos




Poema 8 - Raízes

Não tenho raízes
A correnteza levou...
Meus dados
Foram formatados
Meus dedos
Sem anel
Ventos, pedras, folhas
Foram arremessados
No caule
Raízes frágeis caíram
Preciso de uma casa
Com alicerce de rocha
Minha casa na areia
Foi destelhada
Foi tombada
Raízes sem estrutura
Sem base
Pensamentos em devaneio
Árvore, folhas, caule
Pedaços de tronco
O cupim consumiu...
Quis ter um castelo
Plantei morangos
Mas a chuva desenterrou
A ramagem, as raízes e isso
Entre terra molhada e sementes perdidas
Preciso de uma raiz de amor
Preciso acreditar
Num mundo novo
Ainda procuro raízes
Quando tudo se perdeu
Tomates não geram jaboticabas
A sua colheita é sua
Eu não plantei pimenta...
Plantei figos, flores, caquis
Semente da vida
O que brota é esplêndido...
Podem me tirar tudo,
Menos estas raízes cardíacas
Que pulsam esperança

*Escrito em julho de 2017
Ângela M. A. dos Santos

Poema 6 - Dias, semanas, meses, anos, horas... minutos

23 anos não são suficientes para receber um abraço?
Toda uma noite, de 24 horas é necessária para um carinho?
7 dias da semana é pouco para um afago?
12 meses bastam para receber uma beijoca?
Todo dia mesmice
Não há nada
Vivência, alegria
Vive-se de expectativa
Tudo é superficial
O que é um casamento?
Uma soma de mentiras
Um tempo ultrapassado
Um sinal vermelho
Um diagnóstico ruim
Ficar na fase terminal e nunca morrer?
O que falta para o fim do mundo?
Faltam veracidades, elogios
Um Feedback
Uma relação humana sincera
Tempos modernos, pois o tempo perdido passou...
É o fim, mesmo com o Katrina ou Sandy, há devastações
Mas continua...
Por que?
Tente inovar
Você está batendo na mesma tecla várias vezes
Vejo a sequência das consequência e das circunstâncias
Sua fisionomia é dura
Seu trato grotesco
Você é sisudo
Guardo os esboços
Não sei se vou ser a vítima de incêndio
Criminoso ou inocente?
Esse torpedo caseiro com mísera espuma vai ser suficiente para apagar tudo isso?
Morro ou vivo?
Ainda há uma chance
Enquanto há fumaça há fogo
Desmaios
O socorro chegou
Será que o bombeiro vai me carregar no colo
Entre tonturas e intoxicações
Ainda há vida

Ângela M. A. dos Santos

terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

Poema 5 - Se...

Se morrer
Eu morro
Se chorar
Eu vou chorar
Dói em mim
Se andar
Eu corro ao teu encontro
Se sorrir
Dou gargalhadas
Se a tua expressão é de tristeza
A minha é angústia
Se brincar
Me esbaldo em piruetas
Se viver
Respiro bem
Se dormes
Se comes
Se amas
Faço também tudo isso
Não quero momentos negativos
Se ando
Se penso
Se durmo
Se pulo
E se seu mundo
For o meu mundo
Então serei feliz
Sempre por você
Se guardar lembranças
Boas e boas
Logo estarei selando cartas
Se pequenas
Farei grandes
Tentarei sobreviver
Neste vasto mundo
Se faltam abraços
Se não há sorriso
Se quero te ver
O que faço agora?
Se você fugiu
Agora distante
Se te quero
Tou só...
Sozinha na região sudeste
Amo você
Se errei
Foi um erro de amor
Se me perdoa
Tou só...

Ângela M. A. Santos